A partir do dia 26 de maio, o coletivo curitibano Selvática Ações Artísticas retorna em sua sede, o sobrado cor de rosa localizado no bairro Rebouças, com o espetáculo Linda Blair Entra na Sala, e permanece em temporada até dia 18 de junho, de sexta à domingo, sempre às 20h.
A montagem é centralizada na figura da mulher como anti-heroína: em uma sequência de cenas do cotidiano Linda está sempre em oposição a figuras masculinas. As cenas, que culminam em situações absurdas, são carregadas de mensagens feministas e evidenciam como a cultura ocidental tende a demonizar a imagem da mulher historicamente.
Escrita em 2003 pela dramaturga Leonarda Glück, Linda Blair Entra na Sala, apesar de levar no título o nome da atriz de cinema do clássico O Exorcista, foi escrito em um período em que a dramaturga assistia ao filme O Bebê de Rosemary, de Roman Polanski, em que uma mulher sempre é levada ao erro por seus parceiros e familiares. “Todos os planos dessa mulher fracassam e ela está presa numa situação que aparentemente não tem solução”, comenta Glück.
Segundo a autora, o próprio título do texto é uma brincadeira com o fato de a atriz Linda Blair ter ficado por anos estigmatizada por um único filme e posteriormente “ficar presa numa maldita trap do sistema fazendo participações especiais e filmes de menor visibilidade”.
O ponto inicial do projeto foi em 2015 no evento "Clássicos Inéditos de Leonarda Glück", um ciclo de leituras dramáticas promovido pelos artistas da Casa Selvática, evento esse que apresentava ao público diversos dos textos de Leonarda, que é a primeira dramaturga transgênera a ser publicada no país.
A encenação, assinada pela artista selvática Semy Monastier, carrega um universo de referências pop que vão, além da óbvia Linda Blair. As apresentações vão de 26 de maio a 18 de junho, sempre às 20h, na Casa Selvática (Rua Nunes Machado, 950 - Rebouças). Os ingressos custam R$20 e R$10 (meia)