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Toca Cultural

Fotógrafo Nicodemo Misti lança livro e exposição sobre tradições italianas, no Solar do Rosário


Durante décadas o fotógrafo italiano Nicodemo Misiti voltou seu olhar e lentes para tradições religiosas e folclóricas do sul do seu país. São manifestações ancestrais surpreendentes e carregadas de energia. O resultado deste trabalho documental de fôlego rendeu um livro e uma exposição, que ganham lançamento em Curitiba.

"Luzes & Sombras" é o nome da obra e da mostra, que serão lançadas no dia 11 de novembro (domingo), às 11 horas, no Solar do Rosário (Rua Duque de Caxias, 4 - Centro Histórico), em Curitiba

Misiti é, além de fotógrafo, historiador e etnolinguista. As imagens que registra são fruto de intensa pesquisa das etnias, lendas e tradições da Itália, em especial da região Sul. As festas e eventos retratados resgatam histórias milenares, com raízes desde os antigos gregos antes de Cristo, passando pelos romanos, a Idade Média até a unificação do território.

Este é o livro de estreia do artista. É também a primeira obra de fotografia editado pelo Solar do Rosário, espaço de arte e cultura mantido pela iniciativa privada. Editado pela Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, "Luzes & Sombras" conta com patrocínio das empresas Blount, Roca, Impextraco e Propex. O livro traz textos em português, italiano e inglês. Haverá também uma versão em áudio livro destinada a deficientes visuais.

Festas e tradições

No livro, o artista retrata nas mais de 150 páginas diversas festividades, danças e trajes que resistem ao tempo, resgatando a história local e sua religiosidade. A publicação é dividida em três partes: Festas da Terra dedicadas à Deusa Mãe, Outras Tradições Religiosas e Danças Populares.

A primeira apresenta seis festividades diferentes, algumas relacionadas aos vikings e aos romanos, outras já ligadas ao catolicismo. A Festa da Pita, por exemplo, foi levada à Itália pelos vikings no século VI d.C., na Calábria. Ela é ligada ao culto da Deusa Mãe. Um grupo de pessoas transporta uma grande árvore até o centro da cidade, onde ela será decorada. Seu simbolismo deu origem à atual árvore de Natal. Já no festejo das Perséfones de Bova (pequena cidade na província de Reggio Calabria), o mito grego de Perséfone é reavivado em uma procissão, voltada à fertilidade.

Manifestações católicas também são muito fortes no trabalho, como na Procissão dos "Mistérios", que acontece na Sexta-feira Santa em diversas localidades. Nela, cada "Mistério" da paixão de Cristo representado em uma estátua. O domingo de Páscoa no sul italiano tem a "Affruntata", festa católica de origem espanhola no século XVI. Fiéis carregam estátuas de São João e Nossa Senhora até encontrarem a estátua de Jesus Ressuscitado. O encontro se dá com Nossa Senhora perdendo seu manto negro de luto e revelando um traje festivo.

A "Varia" de Palmi, cidade da Calábria, tem uma celebração curiosa, apresentada na segunda parte do livro. A festa, com origens no século XVI, tem uma estrutura de madeira e metal representando a Assunção da Virgem Maria, e chega a ter 16 metros. Fiéis são pendurados nela, como um gigantesco presépio vivo, representando anjos, apóstolos e a própria Virgem. Acontecendo de três em três anos, foi inserida na lista da UNESCO como patrimônio imaterial da humanidade.

Entre as Danças Populares, Misiti apresenta a Taranta, de regiões como Sicília, Puglia e Basilicata. Considerada um fenômeno musical pagão, seguia uma lenda de que as mulheres trabalhadoras do campo deveriam dançar para "exorcizar" o perigo de serem picadas pelas tarântulas. Na verdade, era uma justificativa para o povo continuar exercendo um culto ao deus do vinho, Baco, sem que a Igreja desconfiasse. Hoje, a Taranta ou Tarantella ainda é uma das tradições italianas mais reconhecidas pelo mundo.

Olhar sensível e poético

As fotografias de Misiti registram essas tradições e como elas se mantém vivas, passando de geração para geração entre as famílias, eternizando parte da história de um povo diverso que também influenciou a cultura brasileira.

Há mais de 25 anos, Nicodemo Misiti retrata as tradições do Sul da Itália como estudioso e professor de etnolinguística. Nascido em Melicucco, na Calábria, atuou ainda na Universidade local na cadeira de Etnolinguística. No fim dos anos 1990, começou a fotografar e atuar com associações fotográficas.

Sua primeira exposição aconteceu na Itália em 2011, retratando a feminilidade no mundo Arbëreshë, grupo ítalo-albanês da Calábria. Quatro anos depois, mostrou seu trabalho no Brasil pela primeira vez. Ela participou em 2015 do evento Mia Cara Curitiba, realização da Embaixada e do Consulado da Itália na capital paranaense. Uma exposição também chamada de "Luzes & Sombras" ficou em cartaz no SESC Paço da Liberdade. A partir daí, o Solar do Rosário, espaço cultural privado, encampou a ideia de lançar um livro e organizar uma nova mostra.

Regina Casillo, fundadora do Solar do Rosário, descreve assim a obra: "Além da técnica perfeita, o autor acrescenta algo intangível: a alma! São suas raízes, é seu povo, são vivências suas e de seus ancestrais. São os “deuses lares” de Roma e os mitos da Magna Grécia que estão presentes nas luzes e nas sombras das belas fotografias".

Lucia Casillo Malucelli, diretora do Solar, complementa: "É possível sentir, ao olhar as imagens, como se fosse nossa própria experiência, tão vivas e realistas são as fotografias e tão verdadeiro o sentimento captado pelo fotógrafo".

As informações são de FC Comunicação Assessoria de Imprensa.

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