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Toca Cultural

Fedra em: O Fantástico Mundo de Hipólito


A nova montagem da Setra Companhia, “Fedra em: O Fantástico Mundo de Hipólito”, estreia dia 15 de março no TEUNI (Rua XV de Novembro, 1299). A montagem também integra a Mostra 2019 do Festival de Curitiba, nos dias 27 e 28 de março, em sessões duplas na Casa Hoffmann (R. Dr. Claudino dos Santos, 58 - São Francisco).

Com direção de Eduardo Ramos e Michelle Moura e dramaturgia de Gustavo Marcasse, o trabalho se monta a partir do texto “Amor de Phaedra” da dramaturga britânica Sarah Kane; e tem, em seu elenco, artistas da dança, performance e teatro a fim de provocar uma fricção de linguagens a partir do mito grego originado por Eurípedes.

No texto de Sarah Kane podemos encontrar a espacialidade que Racine propõe no classicismo francês, a violência explícita do movimento teatral londrino da década de 90, gerando mais densidade trágica que os próprios mitos gregos. Sarah expõe em suas obras as vísceras humanas, o comportamento torto e falho da humanidade que, normalmente, é evitado em cena.

Em 2019 pode-se perceber que a banalização da tragédia é ainda mais escancarada. O sensacionalismo da violência é algo pertencente e absolutamente normal no nosso dia a dia.

O espetáculo apresenta a família burguesa real do mito grego de Eurípedes. A Setra Companhia, na construção da cena, sentiu a necessidade de anteceder, trazendo personagens como Ariadne e ampliando a participação do herói Teseu, quase inexistente em todos os textos abordados, para expandir e desdobrar a falência da figura masculina heróica, introjetada na cultura da sociedade ocidental.

A degeneração social está presente na família. A rejeição do amor de Fedra por Hipólito é apenas mais um elemento da indiferença e desumanização que vemos todos os dias no nosso cotidiano.

Para encontrar tal grau de intensidade, a Setra Companhia reuniu para o elenco os artistas Maikon K., para a figura de Hipólito e a bailarina Cintia Napoli, para evocar tantas e tantas Fedras já soterradas. Os bailarinos Airton Rodrigues e Malki Pinsag trazem o mito anterior, como Teseu e Ariadne. E Rubia Romani se encarrega da personagem Strofe, filha fictícia de Fedra, inventada por Sarah Kane.

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