Entre os dias 5 de junho e 7 de julho, mais de cem artistas se reúnem para compor a programação da Mostra Claudete Pereira Jorge, no Teatro Novelas Curitibanas (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1.222 – São Francisco). Serão espetáculos de teatro, dança, música, além de exposição de fotos da artista, oficina formativa, exibições cinematográficas e leituras cênicas. Toda a programação é gratuita, com contribuição voluntária, com o valor que puder e quiser. A distribuição de ingressos inicia uma hora antes de cada sessão.
FOTO: GILSON CAMARGO
Promovida pela Cia. Fluctissonante, NBP Produções e Pomeiro Gestão Cultural, essa é a 1ª Edição da Mostra, que apresenta um breve recorte da produção artística recente da cidade de Curitiba.
Claudete Pereira Jorge (1954-2016) nasceu em Ponta Grossa, e com 20 anos, recém-chegada em Cascavel, foi convidada para substituir uma atriz que havia faltado em um ensaio. Foi o que bastou para que daquele dia em diante, substituindo em definitivo a outra atriz, demonstrasse o talento nato que sempre teve para o teatro.
Desde o início da carreira integrou a NBP Produções, atuando e dirigindo em diversas montagens da produtora ao longo de 20 anos, junto a Nautilio Portela. Paralelamente, esteve em diversos espetáculos curitibanos: com a direção de nomes como Manuel Carlos Karan, Antônio Carlos Kraide, Oraci Gemba, Ademar Guerra, Felipe Hirsch e Marcelo Marchioro, tendo ganhado duas vezes, por espetáculos com direção de Marchioro, o Troféu Gralha Azul de Melhor Atriz.
Programação
Serão 18 espetáculos de artes cênicas: a Súbita Companhia abre o evento com o solo bilíngue “Foi Assim Que o Oceano Invadiu a Minha Casa”, criado por Helena de Jorge Portela, filha e parceira de Claudete, em homenagem à sua mãe. O grupo também realizará novas apresentações de dois dos seus espetáculos, sucessos de público e crítica: “Porque Não Estou Onde Você Está” e “Amores Difíceis”.
fotos: SARAH SANTOS
A Cia. Fluctissonante, idealizadora da mostra, apresenta – para o público surdo e ouvinte, em Libras e Português – a montagem “\TODAS/” e, para crianças, a peça “Enquanto a Chuva Cai”. Também para o público infantil, a Imã Produções apresenta “O Céu de Mahura” e a Cia. Teatro de Imaginação, o espetáculo “Colecionador de Histórias”.
O ator Rafael Camargo participa da mostra realizando única apresentação do espetáculo “O Encalhe dos Trezentos”. Somam-se ainda a mostra, o Teatro de Breque, com o espetáculo “Não Contém Glúten”; a Selvática Ações Artísticas com “América” e o solo de dança “Mil Besos”, além do coletivo “Negro Não Nego”, com espetáculo homônimo. A CiaIliadaHomero apresentará 3 cantos da Ilíada e 3 cantos da Odisseia, em sessões duplas, sempre aos domingos.
No hall do teatro, aos sábados e domingos, o espaço será ocupado por pocket shows musicais dos artistas Conde Baltazar, Chico Paes, Simone Magalhães, Márcio Mattana, Rodrigo Augusto Ribeiro, Alexandre França e o trio Sisthas Inna House. Haverá ainda apresentação do show bilingue Origami, apresentado em Português e Libras, com poesia rítmica, por Helena de Jorge Portela e Chico Paes. Já a musicista Edith de Camargo e os atores Diego Marchioro e Fernando de Proença trarão um show inédito ao evento, com textos, testemunhos, discursos de amor e canções.
Para além destas atrações, o teatro receberá paralelamente uma exposição com fotos da vida e obra de Claudete. Às sextas-feiras a noite, o ator Gerson Delliano e o músico Orlando Brasil farão leituras dos textos favoritos de Claudete. O evento também oferecerá uma oficina de Poesia em Libras com as atrizes da Cia. Fluctissonante, realizada no Teatro Guaíra. E para fechar, a Cinemateca de Curitiba, localizada na mesma rua do Teatro Novelas Curitibanas, receberá quatro sessões de exibição de longas e curtas metragens com Claudete Pereira Jorge no elenco. Confira abaixo a programação e o serviço completo da Mostra Claudete Pereira Jorge:
TEATRO PARA ADULTOS
FOI ASSIM QUE O OCEANO INVADIU A MINHA CASA Súbita Companhia
Dias 5, 12, 22 e 23/jun às 20h
Solo da atriz Helena de Jorge Portela dirigido por Maíra Lour. Uma história sobre duas atrizes, que em uma tarde como qualquer outra, tiveram suas vidas separadas pelo mar. O mar que carrega o luto e a dor. Um espetáculo solo que tenta agarrar o tempo com as mãos. Mãe e filha à deriva no oceano. “Se você me desse mais um segundo...” O que você faria se tivesse mais tempo? A vida não tem ensaio.
O ENCALHE DOS TREZENTOS Espaço Cênico e Tanta Produções
Dia 6/jun às 20h
“O Encalhe dos Trezentos” faz parte da obra “O homem vermelho”, que deu ao autor Domingos Pellegrini seu primeiro Prêmio Jabuti. Conta a história de um encalhe numa estrada de lama no interior do estado do Paraná, onde 300 veículos – caminhões na maioria – ficam encalhados por causa da chuva intermitente numa estrada intransitável, obrigando os caminhoneiros a uma parada não programada, que se arrasta por sete dias. A história, à partir de fato verídico, transcorre no período do desbravamento do interior paranaense em época de acelerada transformação social e a terra roxa aparece como metáfora.
NÃO CONTÉM GLÚTEN Teatro de Breque
Dias 8, 9, 15 e 16/jun às 20h
O casal Sue e Michael recebe em seu apartamento Dorothy e Henry, amigos de longa data. Diante dos visitantes, que parecem desfrutar de uma realidade idílica, os donos da casa são obrigados a encarar a insignificância do seu dia a dia e seu relacionamento desgastado, embora seja evidente a existência de um fiapo de amor que mantém a relação dos dois em pé. Os diálogos do texto abordam temas como o sucesso e o fracasso de cada um dos casais, passando por temas como ciúmes, gravidez, educação dos filhos e, claro, alergia a glúten.
NEGRO NÃO NEGO Coletivo Negro Não Negro
Dias 8 e 15 de junho às 18h
“Negro Não Nego” é um olhar sobre o que é humano, ancestral, cultural. É um grito de resistência em meio ao caos, é o sangue do povo preto escorrendo nas favelas e vielas. É sobre resiliência, sobre respeito, afeto, alteridade e cidadania. A dramaturgia conta com adaptações de textos de diversos artistas negros como Elisa Lucinda, MC Mestiço e Victoria Santa Cruz. Notícias como as mortes da vereadora e ativista Marielle Franco, de Rodrigo que teve seu guarda-chuva confundido com um fuzil e Pedro Henrique, asfixiado por um segurança também são lembradas.
MIL BESOS Aguila Produções Artísticas e Selvática Ações Artísticas
Dia 13/jun às 20h
Como se dança um exagero? Pode um corpo ser multidão? Como se dançam os beijos não dados? Como se dançam as palavras não ditas? Como se dança um idioma extinto? A partir de um material autoficcional e também estudos sobre o exagero e a monstruosidade Mil Besos é uma performance de um corpo bicha que tenta manter-se em pé com 3kg de papel craft na cabeça. Um corpo em busca de um estado de transbordamento. Mil Besos é parte de uma pesquisa que o artista brasileiro Gabriel Machado vem desenvolvendo nos últimos 10 anos sobre as transformações do corpo enquanto objeto virtual, a cibernética e a infiltração de tecnologias e recursos midiáticos no corpo humano. Low-tech e high-tech em busca do grotesco, do robótico, do inumado, do superhumano.
AMÉRICA Selvática Ações Artísticas
Dias 7 e 14/jun às 21h
quando um homem desconhecido já te rasgou a pele
e você imagina as mãos de um homem desconhecido
é preciso saber que o mundo
te deve ainda
outras imagens e
outras mãos
é preciso cobrar do mundo
outras imagens e outras mãos
\TODAS/ Cia. Fluctissonante
Dias 19 e 20/jun às 20h e Dia 21 de Junho às 21h
Duas atrizes multiplicam-se em várias mulheres. Elas se encontram no plano da ficção, onde ensaiam a criação de suas vidas. A partir da obra da autora curtibana Luci Collin, o espetáculo traz críticas cômico irônicas, com certas tonalidades melancólicas, sobre o momento político e social que estamos vivendo. No palco, Catharine Moreira (atriz surda) e Helena de Jorge Portela (atriz ouvinte), constróem essa teia complexa de relações. O trabalho é totalmente bilíngue e bicultural - sinalizado em libras e falado em português, no entanto, quem primeiro acessa a linguagem da cena é o público surdo, no intuito de deslocar os ouvintes de sua usual centralidade de entendimento. A passagem da literatura para a cena traz ao público a ancestralidade e o futurismo de uma história de mulheres, suas vitórias, dores e lutas, interpretados por uma mulher surda e outra ouvinte. As presenças femininas evocadas celebram aquelas \todas/ que por esses palcos da vida já passaram.
AMORES DIFÍCEIS Súbita Companhia
Dias 27, 28, 29 e 30/jun às 20h
Amores Difíceis aposta na metalinguagem para investigar o amor e seus embates. Na tentativa de encenar o conto “Aventura de um esposo e uma esposa” do italiano Ítalo Calvino, quatro atores buscam referências em cenas te- atrais clássicas para compreender o cotidiano de um casal que praticamente não se encontra. A passividade e a dureza presentes no texto “A Gaivota” de Tchecov, em contraponto com a passionalidade e a fúria em “Bodas de Sangue” de Garcia Lorca geram reflexões nos atores em cena. Cria-se um jogo que questiona os limites entre realidade e ficção, entre o que está deter- minado pela literatura ou dramaturgia e o que pode ser transformado. Amores Difíceis traz a assinatura da Súbita Companhia na pesquisa continuada em teatro físico e dramaturgia do gesto e levanta uma questão: afinal, o que realmente sabemos sobre o amor?
PORQUE NÃO ESTOU ONDE VOCÊ ESTÁ Súbita Companhia
Dias 4, 5, 6 e 7/julho às 20h
O espetáculo “Porque não estou onde você está” trata da relação peculiar entre um homem e uma mulher que constroem ao longo do tempo estratégias de convivência e de comunicação. Eles criam uma infinidade de regras para as suas ações cotidianas e reinventam a comunicação através de uma linguagem própria, elaborada a partir de gestos e ações corporais que só eles compreendem. Em seu apartamento demarcam territórios “Lugares Algo” e “Lugares Nada”, ambientes onde existem ou deixam de existir um para o outro. A partir da sobreposição entre presente, passado e futuro, memórias são reveladas num jogo cênico que reflete a dificuldade de interagir com o outro e que questiona a fragilidade das relações humanas.
CIA ILÍADA HOMERO
Dias 9, 16 e 23/jun às 17h
A CiaIliadaHomero trará a Mostra Claudete Pereira Jorge a apresentação de 6 cantos que integram o repertório do grupo. Aos domingos, o grupo realizará apresentações geminadas, contendo dois cantos cada: o primeiro da Ilíada e o segundo da Odisseia. Todos os cantos encenados pelo grupo têm a direção de Octávio Camargo e desenho de luz de Beto Bruel.
Dia 9/6 às 17h Ilíada Canto 19 com Zeca Cenovicz
Odisseia Canto 8 com Márcio Mattana
Dia 16/6 às 17h Ilíada Canto 7 com Helena de Jorge Portela
Odisseia Canto 16 com Raquel Rizzo
Dia 23/6 às 17h Ilíada Canto 16 com Richard Rebelo
Odisseia Canto 5 com Fernando Marés
TEATRO PARA CRIANÇAS
ENQUANTO A CHUVA CAI Cia. Fluctissonante
Dias 8, 9, 15 e 16/jun às 15h
"Enquanto A Chuva Cai" é um espetáculo interpretado em Libras e Português e acessível para surdos e ouvintes, simultaneamente. Ele narra a história de duas crianças que encontram-se numa guerra fictícia, dentro de uma casa em ruínas. O menino utiliza a língua portuguesa, enquanto a menina sinaliza através dos sinais da Libras. Nesta guerra, um amigo é como uma fonte no deserto. A barreira linguística, portanto, não pode ser um empecilho para que se tornem amigos e cúmplices na luta pela sobrevivência.
COLECIONADOR DE HISTÓRIAS Teatro de Imaginação
Dia 22/jun às 15h
O espetáculo O Colecionador de Histórias fala de um viajante que anda pelo mundo conhecendo pessoas, países, culturas e costumes. Este espetáculo traz a ideia de brincar de faz de conta, dar asas a imaginação e vida aos personagens. Tudo isso sai de dentro de três únicas malas, utilizadas pelos dois atores. O Colecionador é um viajante que anda pelo mundo dia e noite, noite e dia, com os pés no vento e o vento nos pés. Em seu caminho, encontra figuras como Leleca, o Capitão do Mar, o Tio Azul, a vovó Chiquinha e muitos outros personagens que o acompanham em seus cantos e contos.
O CÉU DE MAHURA Imã Produções
Dia 23/jun às 15h
Inspirado na mitologia africana, o espetáculo conta a história de Mahura, a filha da terra, a que tem como dom o trabalho. "O Ceú de Mahura" apresenta na cena dois personagens, que cantam, tocam instrumentos e empurram um veículo inusitado, carregado de diversos objetos curiosos. Enquanto separam alguns materiais para reciclagem, transformam este carrinho em um incrível cenário para representar a história da moça trabalhadeira. A jornada da boneca Mahura é repleta de aventuras, ela se desafia e sai em busca de conhecer outras terras e costumes, adquire outros saberes e descobre novas formas de se relacionar com o trabalho, a comunidade e o meio ambiente.
MÚSICA
ORIGAMI
Dia 22 de junho às 18h
“Show Origami, músicas para ver e ouvir” é um musical bilíngue (Português e Libras) com composições autorais do músico Chico Paes e poesia rítmica (música traduzida para Libras) interpretada pela atriz e pesquisadora de arte acessível Helena de Jorge Portela, contando com a supervisão de tradução de Jonatas Medeiros. Onde o objetivo principal, não é trazer a comunidade surda para o mundo da música, mas sim fazer com que os ouvintes se apaixonem pela Língua Brasileira de Sinais através dela. Em cena o músico e a atriz oferecem ao público um espetáculo democrático que agrega pessoas surdas e ouvintes na mesma plateia. Aos ouvintes são ofertadas canções profundas com letras muito bem pensadas e trabalhadas, juntamente com arranjos no violão. Enquanto que o público surdo tem, não apenas uma tradução simultânea, não se trata disso, mas sim um espetáculo de poesia rítmica, onde as palavras são transformadas em sinais mantendo a mesma potência do português.
POCKET SHOWS
Aos sábados e domingos, sempre às 19h, o Hall do Teatro receberá um pocket-show de músicos curitibanos especialmente convidados!
Chico Paes - 8/jun às 19h
Conde Baltazar - 9/jun às 19h
Edith de Camargo + Fernando de Proença e Diego Marchioro - 15/jun às 19h
Simone Magalhães - 16/jun às 19h
Márcio Mattana - 29/jun às 19h
Rodrigo Augusto Ribeiro - 30/jun às 19h
Alexandre França - 6/jul às 19h
Sisthas Inna House - 7/jul às 19h