Quando lemos um livro, estamos sozinhos em um universo totalmente nosso. Já o teatro é um momento coletivo, em que dividimos sensações e reações com tantos outros espectadores. Mas, e se essa experiência individual da leitura pudesse ser levada para a plateia de uma peça? Esse é um dos propósitos do espetáculo solo "O Caderno Rosa da Senhora H", produzido pela Boreal Companhia de Teatro e baseada no livro "O Caderno Rosa de Lori Lamby", da escritora paulista Hilda Hilst (1930-2004), que está em sua segunda temporada em Curitiba. As apresentações são de quinta-feira a sábado, às 20h, e aos domingos, às 19h, no Teatro José Maria Santos (Rua Treze de Maio, 655 - São Francisco), em Curitiba, e seguem até o dia 11 de agosto.
A disposição da plateia, em formato de arena, tem características não convencionais, para tentar propor uma experiência teatral mais individualizada, como explica a atriz Thyane Antunes. “O cenário é composto por 20 cabines fechadas, onde as pessoas não têm nenhum acesso a quem está ao seu lado. Na frente também tem uma cortina, é como se o espectador estivesse escondido e espiando aquele mundo que está sendo encenado, fazendo a sua leitura.”
O monólogo apresenta uma garota de oito anos, a Lori Lamby, escrevendo histórias pornográficas em um caderno cor-de-rosa. Apesar do choque do impacto inicial que o espectador tem, a história acaba tendo um desfecho totalmente diferente e inusitado. “Só essa primeira ideia da peça já deixa você um pouco com o pé atrás, algumas pessoas ficam chocadas com a história, mas quando você acompanha e vai até o final, descobre que algumas coisas não são exatamente da maneira como você vê pela primeira vez”, comenta a diretora Cris Betina Schlemmer.
O texto, adaptado pela diretora Cris Betina Schlemmer, pela atriz Thyane Antunes e pelo dramaturgo Lucas Komechen, também apresenta a própria Hilda Hilst, que explica as motivações que a levaram a escrever esse livro. Um desafio para a atriz Thyane Antunes, pois ambas as personagens são encenadas por ela.
“A Hilda é a parte mais difícil pelo fato de ser uma pessoa que existiu e a maior parte dos vídeos que eu tive acesso, ela já estava bem mais velha, mas mostramos na peça uma Hilda jovem, dos anos de 1990. Em contraponto, temos a Lori, que é uma criança de oito anos. Muito espontânea, ela fala de tudo muito abertamente, sem absolutamente nenhum problema. Então, acaba sendo um pouco estranho, para mim, como atriz, me acostumar a falar as coisas com a naturalidade que o personagem fala, pois não imaginaria uma garotinha falando assim”, relata a atriz.
Teatro e leitura
“O Caderno Rosa de Lori Lamby” é o primeiro livro da chamada “Trilogia Obscena” de Hilda Hilst, escrito para atender a uma solicitação do mercado livreiro que insistia que a escritora tivesse textos mais comerciais e com garantia de vendagem.
“Nós procuramos preservar ao máximo o texto da Hilda, praticamente não existem palavras nossas, toda a escrita é da Hilda. E como tem dados autobiográficos nessa história, foi inevitável durante o processo criativo trazer a própria Hilda como personagem da história”, revela a diretora.
Um dos objetivos da peça é fazer com que o espectador também se interesse pela obra da escritora. “É um texto incrível, nosso maior trabalho foi fazê-lo chegar ao público da melhor forma possível e da maneira como nós achamos que a Hilda poderia querer. Por isso, tentamos trazer o humor e todas as críticas que ela fez. A nossa maior expectativa é que as pessoas que assistem ao espetáculo saiam de lá querendo ler a obra da Hilda Hilst”, considera Thyane Antunes.
A classificação indicativa da peça é de 18 anos.
Os ingressos custam R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada) e podem ser adquiridos no site Disk Ingressos.
Sobre a Boreal Companhia de Teatro
A Boreal Companhia de Teatro nasceu em 2010 pelas mãos da produtora cultural e diretora Cris Betina Schlemmer e pela atriz Thyane Antunes. A companhia é especializada na elaboração, desenvolvimento e execução de projetos culturais aprovados pelas leis de incentivo (municipal, estadual e federal), com o objetivo de gerar valor aos seus parceiros e fomentar a cultura no país. Ao longo desses anos, montou peças para o público adulto e infantil, priorizando a qualidade artística, técnica e humana nos projetos que realiza. Além de “O Caderno Rosa da Senhora H”, entre as suas principais realizações estão: O Império da Paixão em Fatias Parcimoniosas, Nina e o Reino das Galochas e Sete Mares de Histórias.
Ficha Técnica Direção: Cris Betina Schlemmer Elenco: Thyane Antunes Cenário: Gui Almeida e Cris Betina Schlemmer Cenotecnia: Ateliê Miniart Figurino: Gui Almeida Direção de Produção: Cris Betina Schlemmer Assistência de Produção: Natália Drulla Direção Musical: Gabriel Martins Iluminação: Semy Monastier e Erika Mityko Adaptação do Texto: Lucas Komechen, Cris Betina Schlemmer e Thyane Antunes Coordenação do Projeto: Thyane Antunes Assistência de Direção: Tiago Batista Preparação Corporal: Natália Drulla Maquiagem: Tiago Batista Fotos: Tiago Batista Assessoria de Imprensa: Expressa Comunicação Projeto Gráfico: Francisco Ugalde
SERVIÇO: Peça: O Caderno Rosa da Senhora H Data: até 11 de agosto de 2019 Apresentações: 20h (quinta-feira a sábado) e 19h (domingo) Local: Teatro José Maria Santos - Rua Treze de Maio, 655 - São Francisco Classificação indicativa: 18 anos Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada – idosos acima de 60 anos, associados do Clube do assinante da Gazeta do Povo, doadores de sangue, professores, estudantes, pessoas com deficiência. Venda dos ingressos no Disk Ingressos - www.diskingressos.com.br Informações: (41) 3315-0808