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Conheça Bituruna, terra de italianos, muito vinho e comida boa

Toca Cultural

Cidade no Centro-Sul do Paraná recebe seus turistas com hospitalidade italiana, vinho de qualidade, comida e muita alegria.

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Parreiras Vinícola Di Sandi (Divulgação)

Fartura. De vinho, comida e hospitalidade. Assim é a acolhedora Bituruna, cidade de 69 anos e apenas 16 mil habitantes no Centro-Sul do Paraná. Mas não menospreze o tamanho: seus moradores fazem dela a Cidade Mais Italiana do Paraná e seu trabalho a Capital do Vinho do Estado. Vinho com registro de Indicação Geográfica (IG) reconhecido pelos Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o que não é pouca coisa. Os vinhos são de altitude, em média, de 950 metros acima do nível do mar.


A pouco mais de 300 km de Curitiba, 255 de Erechim e 360 de Joinville, logo ao chegar à entrada da cidade, no trevo da PR-170, um enorme garrafão de vinho (são 18 metros de altura) e um copo de vinho gigante mostram o que o turista pode esperar da visita. Para quem for a Bituruna por Guarapuava (PR-170) deve tomar cuidado porque num trecho de serra existem pontos que ainda estão sendo recuperados em razão de desmoronamentos e que exigem atenção, ainda mais no começo do dia e à noite na ocorrência de neblina.


Bituruna é aquela típica cidade do Interior, calma, com o tempo passando sem pressa para o biturinense. 90% do município é asfaltado e o transporte público, gratuito.


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Bituruna - Mapa Glebas, Museu Casa Sanber | Foto: Siderlei Ditadi

Mas vamos ao que interessa e o motivo pelo qual você tem que colocar Bituruna na próxima viagem: o vinho da região. Mas não imagine que é pedir, abrir e degustar. Cada rolha aberta simboliza a história do passado biturinense.


Como de resto na colonização da região Centro-Sul e Sudoeste do Paraná, o desbravamento coube, em sua maioria, aos gaúchos, e dentre esses, no caso de Bituruna, descendentes de italianos.


No início dos anos 1920 essa região paranaense era um mar de pinheiros e mata nativa, mas em Bituruna, tinha algo mais abaixo dos pinheirais: erva-mate. Atraídos por ofertas da Colonizadora Santa Bárbara que tinha como gerente Oscar Geyer, hoje nome de avenida na cidade, que viajava aos rincões do Rio Grande do Sul para oferecer áreas nas saídas das missas. Um dia antes do Natal de 1924, Miguel Lenartovicz fechou negócio e de mala, cuia, família, pertences e mudas de parreiras, numa viagem que durou dias, fincou raízes em novas terras, às margens do Rio Herval.

Com terra produtiva e muita madeira, novos colonos vieram fixar residência e “tentar a vida” na Colônia Santa Bárbara.


Católicos praticantes, as missas de domingo reuniam os moradores e após o sermão do padre, todos se sentavam para almoçar. Muita polenta, frango e o vinho produzido em Bituruna.

Vinho para consumo próprio, conhecido hoje como vinho de mesa, as uvas que enchiam as garrafas eram das variedades Bordô e Isabel e outra que se adaptou muito bem ao terroir, a Casca Dura, que chegou em 1935.


Esse passado ancestral seguiu e foi a origem das vinícolas de Bituruna. Familiares naqueles idos, familiares agora quando visitá-las.

Santa Bárbara, Bituruna (Divulgação)
Santa Bárbara, Bituruna (Divulgação)

Vinícola Sanber

Sanber é a junção dos nomes de duas famílias. Os Sandi (vieram de Antonio Prado) e os Bertoletti (de Bento Gonçalves) chegaram à região em 1940 e, como os demais, com mudas de videira na bagagem. As duas famílias eram da região de Mantova, Itália.


Visitar a Vinícola é ter uma aula de história e voltar no tempo. O bisavô Giovani, por não ter mais terras no Rio Grande do Sul, comprou, em 1939, os lotes 77 e 78 num mapa que viu da Fazenda Colônia Santa Bárbara próximos ao Rio Jararaca. Veio e ficou.


O casarão construído para abrigar a família, erguido no começo dos anos 1940, ainda está de pé, forte, a demonstrar toda a energia das famílias.


Hoje, um museu, está aberto para explorar seus quatro andares inteiramente decorados com as peças da época. Ele era até 2014 a casa onde viveu o último morador, o bisavô da família.

Michele Bertoletti Rosso é enóloga da Vinícola, e basta ela dar “buongiorno” e começar a falar que você vê que está diante de uma típica italiana (sim, ela fala também com as mãos...) apaixonada pela história familiar e pelos vinhos que faz.


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Francine Agnoletto na "pisa" da uva, Vinícola Sanber | Foto: Siderlei Ditadi

Seu Mauro é o pai, um pouco mais comedido, mas que basta puxar conversa para que quem com ele fala se sinta como da família. E, isso, “sentir-se da família” é uma característica do que vai encontrar em Bituruna. Em segundos você já está enturmado.


Uma das curiosidades da casa-museu é o Quarto do Padre, no último andar. Naquela época como era difícil o deslocamento, receber o padre era uma deferência já que ele vinha de Palmas de mula (hoje são cerca de 150 km de estrada asfaltada) e a ele era reservado um quarto só para seu uso. Lógico, com um penico próximo à cama. Nesses dias, se tirava do armário a melhor louça.


Impressiona a grande sala da casa que Michele chama de “salão de festas” que reunia aos domingos quem ia ver a missa e também ficar para almoçar, beber, conversar, jogar mora (jogo em que os jogadores adivinham a soma dos dedos que são mostrados pelos adversários) e comer mais. A mesa, original, é para 22 pessoas e Michele lembra, ainda hoje, dos dias de casa cheia.

A casa, que levou cinco anos para ficar pronta e nesse tempo a família morou numa cabana, é administrada pela Associação Museu Casa Sanber.


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Quarto do Museu Casa Sanber | Foto: Siderlei Ditadi

A Vinícola virou oficial em 2006, após anos na vitivinicultura. Essa experiência praticamente secular vem sendo aperfeiçoada com os conhecimentos de Michele. Os destaques são os vinhos de uva Bordô e Casca Dura, esse último com premiação em 2020 e 2021 no Wines of Brazil Awards.


Na degustação provamos o Tozetti Casca Dura, medalha de ouro 2023 no Wines of Brazil Awards, um vinho de mesa branco e teor alcoólico de 11%; Sanber, um rosé seco que, naqueles idos, era servido no “salão de festas” só para as visitas e não era vendido, mistura de Bordô, Isabel, Casa Dura, Niagara feito da mesma maneira e receita, com teor alcoólico de 11,5%; Tozetti Merlot 2023 - um dos primeiros vinhos finos elaborados pela Vinícola depois que Michele se formou - é um tinto com teor alcoólico de 13,4% e, finalmente, um Ristretto, considerado a joia da Sanber com apenas duas mil garrafas numeradas. Provei da garrafa 227 esse Tannat, tinto seco, muito bom.


A Vinícola Sanber fica na Estrada Rural Rota do Vinho, a 7 km do centro e visitas sem agendamento para degustar os vinhos duram cerca de uma hora e não têm custo (de segunda a domingo, das 10h30 às 12h e das 14h às 18h). Já se quiser viver uma experiência completa, com visita a histórica casa-museu, seguir num trator para o parreiral para colher e provar uvas (no caminho, uma parada para olhar para um pinheiro com 300 anos), voltar à Vinícola para conhecer o processo de produção e degustar mais de oito rótulos de vinho, além de sucos, espumantes, cachaça e graspa, é preciso agendamento e esse passeio é feito somente em janeiro e fevereiro.

Na loja, toda a linha de vinhos de mesa e finos, além de espumantes e um suco de vinho tinto integral.


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Vinícola Sanber em Bituruna | Foto: Siderli Ditadi

Em breve, promete Michele, a Vinícola Sanber quer colocar na lista de passeios um luau com pinhão.


Vinícola Bertoletti

Aqui você vai saber que os “nonos” vieram do Rio Grande do Sul em 1927 e a viagem de carroça durou 30 dias e logo que chegaram aos seus 22 alqueires e plantaram as mudas e perceberam que em Bituruna o clima e o solo eram muito parecidos com os que deixaram para trás na Serra Gaúcha. A carroça dos “nonos” está para ser reconstituída.


Claudinei Bertoletti, na década de 1990, foi estudar Enologia em Bento Gonçalves e no retorno o que era praticamente artesanal tomou outro rumo. A produção e o consumo foram crescendo e em 2005 a Vinícola Bertoletti registrou seus primeiros rótulos atendendo todas as questões legais e sanitárias. Um ano antes, em 2004, outra pessoa da família, a Eliane, também se formou em Enologia.


São 8 hectares plantados de Bordô, Niagara, Casca Dura, Cabernet Sauvignon e Merlot, mas a esses hectares se juntam outros cerca de 130 hectares de 35 parceiros. A Vinícola Bertoletti está na quarta geração e produz 700 mil litros de vinho e 300 mil litros de suco por ano.


Vinícola Bortoletti (Divulgação)
Vinícola Bortoletti (Divulgação)

São vinhos de mesa (Rosé, Casca Dura, Niágara, Bordô), vinhos finos (Chardonnay, Sauvignon Blanc, Tannat, Merlot, Cabernet Sauvignon), espumantes (Brut e Moscatel), vinagre balsâmico, grappa, vinagre de vinho e sucos.


Para homenagear os antepassados, alguns dos rótulos da Bertoletti registram momentos da família na chegada a Bituruna, como no do Tannat Legatum que reproduz a rota dos “nonos” até Bituruna.


A Vinícola está na Rodovia Engenheiro Tancredo Benghi, 1.789, aberta de segunda a sexta no horário comercial e visitas podem ser agendadas no Instagram mas também pode chegar sem avisar para fazer degustação na loja.


Vinícola Di Sandi

Como dá para perceber, Sandi e Bertoletti honraram os pioneiros e fizeram da dedicação ao vinho um negócio bem-sucedido, o que se mostra na Vinícola Di Sandi. Aqui a origem é do casal Luiz Antônio Sandi e Assunta Vens Sandi que chegaram à região em 1933 também com mudas de parreiras na bagagem vindos de Flores da Cunha, Rio Grande do Sul. Detalhe: Assunta fez a viagem grávida e convivia antes da casa ser construída, com onças rondando por perto. E as parreiras plantadas de uvas Isabel naqueles anos 30 do século passado ainda estão vivas e produzindo nas três colônias de terras adquiridas pelo seu Luiz Antônio.


Genésio, filho de Luiz e Assunta, com a esposa Terezinha continuaram nas terras e fazendo vinho até que chega uma hora que o que é tradicional precisa ser profissionalizado: em abril de 2002 nasce a Vinícola Di Sandi, com filhos e netos de Genésio, que tem produção própria em 7,5 hectares além de contar com uvas de pequenos parceiros.


Adilson Jerry Sandi, junto com Cris e outros irmãos tocam o negócio que produz 200 mil litros de vinho por ano.

“Focamos num mercado diferenciado”, sentencia Adilson, que ressalta que “as mais de duzentas plantas de 1933 são o vinhedo mais antigo do Paraná”.
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Adilson Sandi, Vinícola Di Sandi (Divulgação)

As visitas podem ser feitas de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h às 18h e sábado, das 9h às 12h e das 14h às 17h. Se fizer agendamento pelo WhatsApp (42)99808-8751 sua visita será mais especial.


A Vinícola produz – e você pode comprar na loja de fábrica – vinhos tintos das uvas Bordô, Isabel e Bordô, Merlot e Cabernet Sauvignon; brancos seco e demi sec Casca Dura, seco e suave Niágara e seco Moscato Giallo; rosés demi sec e seco; espumante rosé e branco Moscatel e Brut Chardonnay, sucos de uva branco e tinto integrais e, também, grappa.


Na Estrada Rural Rota do Vinho, a 6,5 km do centro da cidade.


Mas é só vinho?

Não. Onde tem mais de um italiano tem vinho e comida, muita comida. E come-se bem em Bituruna, por isso, tudo o que lembrar balança deve ser esquecido. As massas, ah as massas..., são saborosas e servidas com fartura. E, para minha surpresa, fui apresentado ao capeletti frito como aperitivo. É de comer sem parar...


O Empório Sabor Italiano (Rodovia Engenheiro Tancredo Benghi, 2.097) foi inaugurado em 2010, é familiar, e abre de quarta a sábado para almoço e jantar (11h30 à 13h30; 19h às 22h) e terça e domingo só para almoço (11h30 às 13h30). As massas são feitas no restaurante. Por R$ 45 são servidos duas massas, duas carnes, queijo frito, polenta e saladas, valor que sobe para R$ 47 aos sábados, domingos e feriados. Para comer à vontade.


Em Bituruna, restaurante Sabor Italiano | Foto: Siderlei Ditadi
Em Bituruna, restaurante Sabor Italiano | Foto: Siderlei Ditadi

Na Av. Moisés Lupion, 900, o Fogão a Lenha fica na cidade e é tocado pela família de Mauro e Maria Pinheiro. Funciona de segunda a sábado, abre as portas às 11h20 e só fecha quando o último cliente sair. A placa à entrada da porta diz que ali você encontra “a mineirice na Capital do Vinho”. O buffet tem 18 pratos quentes que ficam num fogão a lenha, com mesa de frios e sobremesas. O quilo sai a R$ 57 e o buffet livre, R$ 34.


Também no sistema buffet e, também, administrado pela família, o 7 Colinas tem em Samira e Sandra Bertoletti as comandantes e recepcionistas. Na Av. Pref. Farid Abraão, 1.716 abre para almoço todos os dias das 11h30 às 14h e à noite somente para eventos. São entre 15 e 18 pratos quentes, 20 a 25 saladas mais sobremesa e, claro, café expresso. Como diz Samira: “A gente exagera um pouco, coisa de italiano”. Destaque, claro para as massas (que estão disponíveis para venda) como o tortéi de abóbora, pierogi de batata com requeijão, rondelli de queijo. No buffet você encontra uma geleia de cebola roxa reduzida no vinho tinto biturinense e no grill, costela, carneiro, alcatra, maminha, picanha, coraçãozinho e frango assado e, nos domingos, entrevero de pinhão.


Se for a Bituruna em um grupo ou reunir vinte pessoas, agende o jantar Torniamo alla Nostra Itália no Don Oscar Restaurante Colonial. Vale a pena organizar o grupo porque Sonia e Valério fazem um jantar tipicamente italiano com música e história. Sonia define o evento como “uma viagem gastronômica à origem dos nossos antepassados” e você vai sentir isso cortando a polenta no fio, dançando e se divertindo. Ligue (42)99912-5772.


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Tortéi, Massas Artesanais Beponi (Divulgação)

E se estamos em território italiano você deve visitar as Massas Artesanais Beponi. A cerca de 15 minutos do centro, numa estrada rural, mas asfaltada, o passeio chega na Comunidade Engano (peça a explicação a um dos Beponi porque existem várias versões para o nome) e a um cenário bucólico que dá vontade de passar o dia. Outro empreendimento familiar (e por incrível que pareça não tem Sandi e Bertoletti...) tocado por pai, José, mãe, Lídia, filhas, Carla e Valéria, e maridos e segundo seu Beponi, a “dona Rosi que é quem manda”. Rosi não é da família.


Os avôs de José, Angelo Masiero e Maria Bé, juntos com João Masiero e Alovise, vieram de Antonio Prado, no Rio Grande do Sul, com sete filhos e sementes de hortaliças e verduras, mudas de temperos, cana de açúcar, parreira e a experiência de fazer massas. Hoje os três casais, mais Rosi, se “orgulham de preservar a história” nessa fábrica de sabores de onde saem 3 mil quilos de massas por mês.


São 28 produtos e eles indicam como os destaques o tortéi (500 g a R$ 18), capeletti de frango (500 g a R$ 22), rondelli de queijo ou queijo e presunto (500 g a R$ 25) e a polenta pré-frita (500 g a R$ 12,50). No cardápio tem também molhos (branco, de frango e bolonhesa), lasanhas, conchigliones, macarrão (o penne custa R$ 10 500g) além de doces de uva, figo, pera e de abóbora, laranja e coco.


A propriedade dos Beponi tem uma área, nos fundos, com três lagos e uma pequena trilha. Dê uma “cantada” no seu Beponi e peça para ele (desculpa seu Beponi) o vinho artesanal que produz (é muito bom) e relaxe curtindo a paisagem e o barulho dos pássaros. Quem sabe seu Beponi (ops, de novo) não arma uma grelha, acende o fogo e não faz uma polenta?


Se até aqui você ainda não pensou, vai a recomendação: tem que levar uma caixa térmica para a viagem e deixar espaço no porta-malas para as caixas de vinho.


Falta alguma coisa...

Encontramos os italianos, os vinhos, a comida. Mas falta a música! E se em Bituruna tem encontro de italianos, tem o grupo Tozetti. Há 24 anos. Formado por Bernardino, Vicente, Mário, Acide, James, Miguel, Cleonir e Júlio dos Santos, bastam entrar que a festa fica completa.

Grupo Tozetti
Grupo Tozetti (Divulgação)

Eles estão unidos para manter a tradição das canções italianas e que essas canções não sejam esquecidas pelas gerações mais jovens. Cantando La Bella Polenta e animando todos, o grupo Tozetti sempre vai cantar “Bituruna, Bituruna a terra do vinho bão”, refrão que não vai esquecer fácil. O grupo pode ser contratado no (42) 99905-8766.


Também tem mate

Mas nem só de uva e massas vive Bituruna. Tem a erva-mate. E da boa. Quando os primeiros colonos chegaram às suas terras encontraram sob a proteção dos pinheirais muita erva-mate.

Luiz André e Jessica Schultz estão à frente da Verde Real Erva-Mate criada em 1989 que produz erva para chimarrão e tereré.


A empresa deu uma guinada sem querer em 2021, quando Baitaca, compositor e cantor de música tradicional gaúcha, apareceu tomando chimarrão com a Verde Real. Vou uma virada de chave e, hoje, Baitaca, é o garoto (de 59 anos) propaganda ervateira.


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Verde Real Erva Mate (Divulgação)

André explica que a “erva boa dá espuma” e o solo de Bituruna é “ideal para a erva-mate” e o resultado é “uma erva mais neutra, mais macia”. O erval sombreado pelos pinheirais de Bituruna e região dá uma “folha de mais qualidade, suave, mais verde e com aroma”. E na região a produção está integrada com uva e erva-mate. Informação importante: 80% das ervateiras do Rio Grande do Sul usam erva-mate paranaense e a cidade de Cruz Machado, a 125 km de Bituruna, é o maior produtor mundial.


A Verde Real produz erva-mate 70% de forma tradicional e 30% com açúcar. Dos fornos da empresa saem oito produtos: Erva-Mate Alto Vácuo, Erva-Mate Baitaca, Erva-Mate com Açúcar, Erva-Mate Suave Grossa e Erva-Mate Tradicional todas em embalagens de 1 kg e Erva-Mate Tereré Abacaxi, Limão e Pura em pacotes de 500 g. A Verde Real faz vendas pela internet e as visitas a fábrica e loja (Av. Moisés Lupion, 1.649) são feitas sem custo no (42)3553-1363.


Bituruna

Apesar de ser um município pequeno, Bituruna é o 136º PIB do Estado entre os 399 municípios paranaenses segundo dados de 2021. Com área de 1.234,9 km² tem cerca de 223 km² de mata natural e chama a atenção de quem visita a quantidade de pinheiros que sobreviveram ao ciclo de serrarias, normal quando gaúchos vieram dar nessas terras. Mesmo assim, o setor florestal representa R$ 496 milhões para o município (o pinus chegou nos idos de 1968/1969), seguindo os R$ 92 milhões da pecuária e R$ 76 milhões da agricultura.


Quem mora na cidade tem expectativa de vida em torno de 74 anos e, acredite, em 2023 houve somente três homicídios no município. Essa tranquilidade você percebe ao caminhar na Av. Dr. Oscar Geyer onde se concentram o comércio, farmácia, supermercados, agências bancárias, alguns bares e restaurantes.


Mas o turista terá dificuldade em encontrar as atrações da cidade: a falta de placas de sinalização é evidente e precisa ter uma solução urgente. A exceção é a sinalização para a Rota do Vinho.

Para conhecer à imagem da Santa Bárbara, padroeira do município criado em 26 de novembro de 1954, é fácil: é só olhar para o alto. Ela está num morro a 990 metros de altitude e é o cartão-postal de Bituruna.


Cerca de 1928/1929, a família Dalmas chegou à região e trouxe com ela a imagem de Santa Bárbara que ficou sendo a Santa protetora dos moradores. A sua figura de 34 metros de altura foi construída com doação da comunidade sob a supervisão de Gilberto Ramos e inaugurada no dia de sua festa litúrgica, 4 de dezembro de 2004.


Para chegar até ela, a estrada é íngreme, de paralelepípedos, por isso é preciso cuidado se o piso estiver molhado. Ao deixar o carro no estacionamento é preciso subir 132 degraus para chegar aos pés da Santa. Só de pensar, cansa? Mas é possível chegar de carro bem perto dela, deixar as pessoas e parar no estacionamento.


A vista do alto do morro é imperdível. Na Av. Oscar Geyer, 656, bem no centro da cidade, está a Praça do Fogo. Vale lembrar que Bituruna no inverno tem temperatura que varia entre 8 e 18ºC e a Praça foi construída com uma lareira no centro e com a representação de quatro araucárias circundando-a e estrutura simulando galhos. Ali, desde 2015, famílias se encontram para tomar vinho ou mate, conversar e quando a lareira é acesa, comer pinhão sapecado. Todas as quartas, das 16h às 22h, uma feira que reúne produtores locais.


Villa Geyer (Divulgação)
Villa Geyer (Divulgação)

Encontre um tempo para visitar a Villa Geyer, que fica no 180 da Av. Dr. Oscar Geyer. É um espaço de eventos que fica na casa de Oscar Reinaldo Geyer, filho, já falecido, do gerente da empresa colonizadora. Aberta em 2023, vale conhecer para ver seus jardins e sua decoração. Quem é da região tem um excelente local para fazer reuniões de trabalho, casamentos e festas.


No calendário de eventos da cidade, pode agendar: todo fevereiro tem a Festa a Uva e para quem gostar de correr, o Desafio da Rota do Vinho que passa pelas vinícolas; em julho, a cada dois anos (2026 é a próxima), a Festa do Vinho e da Polenta Gigante e, em setembro, o Torneio de Pesca Esportiva ao Peixe Dourado e, também, a Festa do Erva-Mate. Uma promessa da Prefeitura é dentro de pouco tempo, criar um caminho peregrino de dois dias.


E sobre o nome Bituruna, existem várias explicações, mas escolhi a que me convenceu: vem da palavra tupi bitur" (ou "ybityr" ou "ybytyra") que significa monte ou montanha, combinada com "una", que significa negro ou preto, formando "monte negro". Obrigado ao pesquisador João Carlos Vicente Ferreira.


E onde ficar?

Bituruna começou a se encontrar com o turismo recentemente e carece de uma estrutura que possa atender a mais turistas.

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Apartamento Hotel Grezelle (Divulgação)

O Hotel Grezelle é o melhor da cidade. Outro empreendimento familiar que está na terceira geração no ramo de hospedagem. O primeiro hotel, ou melhor, albergue, foi aberto lá em 1969 (nos fundos do hotel tem uma maquete), e desde lá a família sabe bem receber.


Hoje, nas mãos do seu Hirno, dona Clarice e da filha Josi, o Grezelle é confortável, com apenas trinta apartamentos nos tipos standard, luxo, suíte e master, alguns têm sacada, com diárias a partir de R$ 150 por pessoa. Todos têm acesso a tv a cabo, telefone, cama box e wi-fi. Cada apartamento tem um nome, como Infazia, Facile, Credore, Nonna e Passione.


O café da manhã começa às 6h30 e é tipo colonial e muito bem servido preparado pela dona Clarice. Eles fazem, realmente, o hotel ser a extensão da sua casa. Até o final desse mês de março, será aberto o Boccalone Cucina Italiana anexo ao hotel, na Av. Dr. Oscar Geyer, 45. Servirá massas, panini, dolci, cafés e soda italiana.


A Toscana é aqui

Tem Airbnb em Bituruna. E que Airbnb! A Casa Toscana no Brasil fica a 13 km do centro, a 1,2 mil metros de altitude (a temperatura lá é 5 graus a menos que na cidade) e é um luxo. Comporta 13 hóspedes em quatro quartos (três com ar-condicionado), três banheiros e um lavabo.

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Bituruna-Casa Toscana no Brasil | Foto: Siderlei Ditadi

Tem diversas comodidades como um espaço ao lado da casa com churrasqueira, forno a lenha, cozinha bem equipada, lareira, uma pequena biblioteca e um gramado que tem uma vista deslumbrante: para o nascer do sol, o pôr do sol e, à noite, para observar o céu limpo e estrelado.

Os hóspedes têm acesso a vinhos exclusivos que foram produzidos pela família perto dali e que não são mais fabricados. São poucas garrafas da Vinícola Tenuta, vinhos de altitude. Abrir a rolha e saborear ao cair do sol é experiência para lembrar para sempre.


Bituruna, dos vinhos, da polenta cremosa, dos italianos falantes e risonhos, ainda está para ser descoberta pelo turismo. Quem gosta de novas experiências, fica a dica. Descubra antes que outros conheçam.

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Casa Toscana no Brasil (Divulgação)

 

Matéria especial produzida por Jean Luiz Féder, jornalista associado à Abrajet-PR (Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo – Paraná)

A Now Boarding visitou Bituruna a convite do Sebrae, entidade privada que ajuda microempreendedores e pequenas empresas a empreenderem, crescerem e se tornarem mais competitivas e Consevitis-RS, entidade que dá apoio e financiamento para a promoção e harmonização da cadeia produtiva da vitivinicultura do Rio Grande do Sul e que hoje, tem entre seus objetivos, transformar o Brasil num país de vinhos.



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